Quem nunca lembra de uma história infantil, contada desde a infância?
De castelos, lugares mágicos e monstros, a história infantil é, e sempre será uma ferramenta importante na formação da identidade de uma criança.
E não é por menos: ela auxilia no desenvolvimento do imaginário, na criatividade e na capacidade cognitiva de todos os seres humanos no início da vida. Além disso, fortalece também o vínculo com os pais, tão importante nesta fase.
Mas o que existe por trás de uma história infantil? Como surgiu a ideia de transformar um universo imaginário em livros, por exemplo?
Vamos entender melhor esse contexto? Preparado para esta viagem conosco?
História infantil: primórdios
A ideia de transformar universos imaginários em livros surgiu no final do século XVII.
As primeiras obras, tinham inicialmente, um cunho, de luta social, escrito por pessoas que lutavam contra a opressão da época, condenando usos e costumes.
Pois é. A história infantil teve seu início um pouco diferente do esperado, não é mesmo?
Entre os anos de 1600 e 1700, surge o escritor Charles Perrault (1628-1703). É considerado o “pai da literatura infantil”. É o autor de contos famosos como a Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, pequeno polegar e tantos outros.
Contudo, como dito inicialmente, muitos destes contos tinham outros finais, por vezes mais trágicos. Eles foram posteriormente alterados, para se tornaram “dóceis”, ou seja, para poderem ser distribuídos para o público infantil.
A história infantil em terras brasileiras
Se lá fora, as primeiras histórias infantis começaram a partir do século XVII, no Brasil foi um pouco diferente. Estudos mostram que elas surgiram no país no final do século XIX, quando o país estava passando por turbulentas transformações.
Principalmente ligadas a mudança de regime político: a monarquia sendo substituída pela república.
Nos primórdios, era feitas apenas traduções de obras estrangeiras, com adaptações para o linguajar brasileiro.
Até que, no início do século XX, surgem autores como Monteiro Lobato. Assim como Perrault, é considerado o precursor da literatura infantil brasileira. Suas obras, no entanto, ao contrário do escritor francês, eram recheadas de diversão, com histórias educativas e criativas.
Ele adaptou, por exemplo, os principais personagens do folclore brasileiro, gerando contos focados no público infantil.
Sua principal obra, a coleção do Sítio do Pica Pau Amarelo, (que inclusive foi material para produção cinematográfica, exibida pela rede globo).
Nesta coleção, destacam-se:
1921 – O Saci
1927 – As aventuras de Hans Staden
1931 – Reinações de Narizinho
1932 – Viagem ao céu
1933 – Caçadas de Pedrinho
1933 – História do mundo para as crianças
1934 – Emília no país da gramática
1935 – Geografia de Dona Benta
1936 – Dom Quixote das crianças
1936 – Memórias da Emília
1937 – Serões de Dona Benta
1937 – O poço do Visconde
1937 – Histórias de Tia Nastácia
1939 – O minotauro
História infantil: apenas para crianças?
De uma coisa sabemos: as crianças, atualmente, recebem informações e aprendem as coisas de forma bem diferente do que anos atrás. O livro vem perdendo espaço para internet, Netflix, etc.
Apesar disso, contar uma boa história infantil ainda é a melhor forma de mexer com o imaginário das crianças.
Ao contrário das mídias atuais, os livros levam os pequenos a imaginar o seu próprio mundo, forçando os mesmos a abrirem as portas da sua imaginação. E isto não tem preço!
Porém, respondendo a pergunta do nosso tópico: uma história infantil é apenas para crianças?
Por mais que o público seja este, ela envolve todas as faixas etárias: os adultos e os mais velhos também. Pais, avós, tios e tias, estão todos envolvidos nessa arte. A narrativa contada pode expressar diferentes emoções, mexendo ainda mais com a imaginação dos pequenos.
Afinal, como contar uma boa história infantil?
Agora que conhecemos um pouquinho da trajetória da história infantil ao longo dos séculos, vamos aprender a contá-la de um forma cativante e que prenda atenção do seu espectador.
Vamos lá?
Separei algumas dicas fundamentais que vão te ajudar neste processo.
Dica 1: Escolha uma boa história
Parece meio óbvio, não é mesmo?
Mas faz muita diferença. Você precisar escolher alguma história que seja interessante não apenas para seu espectador, mas para você mesmo. E isto ajuda de todas as formas possíveis: você se sente mais a vontade para narrar e conseqüentemente, ela se torna mais interessante.
Outra coisa: analise a faixa etária do seu público e escolha a história infantil que faça sentido para eles!
Dica 2: Trabalhe bem a sua narrativa
Toda história precisa de um bom contador, não é mesmo?
Por isso a importância de conhecer a história previamente! Momentos tensos da história exigem uma entonação bem diferente de momentos alegres. Procure também mudar o tom de voz quando a história passa para outro personagem.
Em momentos onde a narrativa precisa de rapidez, acelere a fala. Em momentos calmos, desacelere e procure tons brandos.
Dica 3: Chame atenção do seu público
Limitar-se apenas a fala pode ser efetivo. Mas que tal misturar outros elementos? Vale de tudo por aqui: instrumentos que imitam barulhos da história, bonecos, bichos de pelúcia, entre outros.
Se vestir do personagem, porque não?
História infantil e faixa etária
Como falamos anteriormente, é importante que o narrador ou contador de histórias se atente a faixa etária do seu público. Geralmente, crianças mais novas precisam de imagens para assimilar a história.
Conforme o tempo passa, isto vai mudando. Dessa forma, de acordo com a Novos Alunos, temos o seguinte:
- Crianças até os 3 anos de idade: histórias curtas, envolvendo animais. Opte também por materiais que façam barulho e bichinhos que as crianças possam tocar. Além disso, elas precisam ser lentas e bem humoradas.
- Crianças dos 3 aos 6 anos: A partir dos 3 anos, as crianças já possuem mais capacidade de entender. Você pode inserir aqui contos, lendas, cantigas e também poemas. Contudo, ainda precisam ser histórias mais curtas, e de preferência, com poucos personagens.
- Crianças a partir dos 6 anos: Aqui já cabem narrativas mais elaboradas, com histórias infantis mais complexas e de aventura.
E aí, deu para entender a importância e um pouco da história infantil.
A história infantil precisa fazer parte do desenvolvimento de todo o ser humano. É através dela que as crianças desenvolvem seus principais sentidos, além de poderem viajar e conhecer mundos novos ao seu redor!